Mudam-se os tempos, as vontades e também os partidos.
Nos últimos anos tenho investigado a fundo o fenómeno político que é o PSD.
Do que descobri, fiquei com a ideia assente de este partido ser uma organização política não assente numa ideologia social-democrata, mas numa linha política pragmática, conflituosa, com clima interno de guerrilha permanente, com vista a conquistar o poder, mas que não sabe muito bem o que fará com ele, é chegar lá e depois logo se vê.
É verdade que o partido está amplamente segmentado, e essa é uma das muitas razões que me levam a sair do Partido Social Democrata.
O PSD pode ter um futuro promissor desde que passe a respeitar o conceito do que deve ser um partido político, um espaço institucional que não vive do Estado nem serve para alimentar meia-dúzia de esfomeados de carreira política.
O serviço público não deve ser utilizado para que se sirvam dele.
A nível autárquico, constato que se procedeu a inúmeras purgas partidárias internas que acabam por redondar em fracasso, porque é assim que a máquina do partido está construída. Os mais fortes não são necessáriamente os mais justos, e esse é um mundo com o qual eu não me identifico.
A nível regional, não posso com a atitude impassível de uma direcção nacional que não condena publicamente e não avança com um processo de expulsão do partido a uma pessoa que se porta como o Rei da Madeira, que publicamente ameaça criar um novo partido. As razões que explicam a inércia do PSD nacional é que Alberto João Jardim é um Histórico do PSD, e é o líder político dessa região. Interpreto isso como sinal de uma atroz cobardia e uma "cuspidela" nos valores e doutrina do PSD, só porque querem manter uma lança do partido na Madeira.
A nível nacional, nem por sombras me identifico com esta Direcção, nem com a sua líder. Parece-me que quando vejo a Manuela Ferreira Leite a discursar, estou a assistir a mais um episódio da "TV Rural" - que para quem não sabe, acabou no século passado.
Aderir a um partido para mim não foi uma acção com vista a agarrar um "tacho", obter um lugar numa empresa pública, andar de BMW ou ter viagens ao estrangeiro pagas pelo erário público. Fui sempre movido por uma intenção idealista - humanismo, progresso, reforma do Estado, liberalização da economia, equilíbrio e justiça, modernidade.
Ganhei nos últimos tempos uma enorme descrença na capacidade do PSD em se tornar o motor de Portugal para o Séc. XXI .
Não é por causa de outros partidos ou da esfera social-comunicacional desta Sociedade da Informação. É pela realidade político-partidária que constatei, in loco, dentro dos órgãos de concelhia e distrital do partido.
E venha de lá mais um congresso.
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