2005-08-15

As raízes da social-democracia.

in Wikipedia:
A
Social Democracia é uma ideologia que surgiu em fins do sec. 19 e início do sec. 20 por partidários do marxismo que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista poderia ocorrer sem revoluções, mas por meio de uma evolução democrática. A ideologia social-democrata prega uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário, geralmente tendo em meta uma sociedade socialista.


É peculiar o facto de que a social-democracia ter evoluido a partir de teorias marxistas. Afinal, em Portugal, pensa-se que o PSD é um partido social-democrata, e o PS, um partido socialista. Está escrito no nome. Como é possível um cidadão se enganar? A diferença, IMHO, é subtil, presente, e marca a evolução do pensamento da esquerda para a direita, com uma breve paragem pelo centro.

Em Portugal, 30 anos após o 25 de Abril, vivemos um regime democrático, em que as alternativas à governação do País têm sido o Partido Socialista e o Partido Social Democrata. Como o País é regido primariamente pelo Parlamento, e não através da Presidência da República, o poder político têm oscilado frequentemente, com as eleições legislativas.

O que é curioso é que estes dois partidos partilham a ideia do Estado Social, e chega-se em dadas alturas a confundir-se quem é socialista e quem é social-democrata, ou mesmo democrata-cristão, especialmente entre as duas forças políticas de direita - PSD e CDS.

Isto deve-se à estratégia dos partidos. Reconhecendo que os eleitores da classe média criaram uma imunidade às ideologias, para cativarem o voto do cidadão eleitor, recorrem, não à custa de expressarem a sua matriz ideológica para a sociedade portuguesa, mas a um apelo à personalidade da sua liderança, e à massa de pessoas que pertencem ou nutrem uma simpatia pelo partido.

É motivo de preocupação, porque de uma dimensão política, passamos para uma mediática, quase evangelista. As virtudes do partido e dos seus legítimos representantes passam para a ribalta. É o espéctaculo. Somos todos competentes, os mais capazes, etc. E no final, o povo agradece a ilusão criada e o bem-estar de alma alcançado, só percebendo 6 meses depois, que "são os mesmos".

Mas quem são esses "mesmos"? São decerto diferentes, mas a sua acção política e governativa é muito semelhante. Não será por termos chegado a uma situação em que o caminho a ser percorrido, mesmo que seja à esquerda ou à direita, é sempre o mesmo? Matematicamente, a definição desse caminho, uma curva regular simples, percorrido pela esquerda ou pela direita do seu centro, é um círculo...

Revendo o verdadeiro significado da palavra social-democracia e pesquisando a Web, constata-se que o membro pertencente ao movimento social-democrata a nível internacional é, precisamente, o PS. Como é que a existência do PSD se explica? E porquê o seu nome?

Aquando da sua fundação, o PSD instalou-se com uma matriz ideológica cristã, favorecendo a liberalização do mercado, e adoptando um carácter reformista em largo espectro. Foi reconhecido como a força política - e ainda o é - capaz de enfrentar a esquerda. Pratica a social-democracia pragmática.

A esquerda é, de longe, representada pelo PS, partido que têm na sua génese o ideal socialista, mas cedo se "reformou" a ele próprio, virando ao centro - da esquerda - e adoptando o socialismo-democrático.

A diferença entre estes dois partidos - o leitor deverá saber que na política tudo o que parece, não é, e o que aparenta ser, se calhar é mesmo - é o carácter liberal assumido do PSD, conotando-o claramente como um partido da direita, e o carácter paternalista não-assumido do PS, posicionando-o à esquerda. Isto porque, estatutariamente o PS encontra-se naturalmente inclinado para o controle político da máquina governativa. E isto marca toda a diferença.

A politíca torna-se uma ciência do Poder para o PS. O principal objectivo, lapsus senso, é o controle e regularização do ambiente político amigável, mais conhecido pela "dança das cadeiras". Obstante, para o PSD, a principal preocupação é o processo de governação, os objectivos que devem ser alcançados, o serviço a ser prestado. Aí, a política torna-se uma ciência do Estado. Mas também não deixa de haver nomeações de cargos para directores-gerais, presidentes de empresas públicas e autoridades governamentais. O motivo já não é a confiança política, mas a competência pessoal, estabelecida à priori, pelos eleitos.

E assim vai o nosso pequenino Portugal.

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