2005-08-29

A Globalização

A social-democracia esteve sempre ligada aos ideais de classe e nação. Foram estas as principais forças sociais que deram forma aos primeiros movimentos sociais-democratas. Não que isso torne um partido seguidor desta ideologia, num de forte pendor nacionalista. Pelo contrário, reflectiram e reflectem a ordem mundial, especialmente o que acontece no eixo Atlântico.

Na Europa, a social-democracia moldou-se no espírito de cada nação. Imperou um apertado planeamento social e económico. Os partidos são em geral considerados de esquerda liberal, reformistas, lutando por um estado social forte. Outros, mais conservadores ou cristãos-democratas, apegaram-se ao ideal social-democrata, dando origem a uma vertente de centro e direita. Foi caso disso, o PSD em Portugal. Contudo, uma ideologia não é por si o garante do progresso.

Sem uma economia forte, nenhum estado social pode persistir. E numa era em que a globalização marca presença, um acontecimento político que afecte a economia local, têm efeitos a milhares de milhas de distância. A globalização é um fenómeno mundial, que incute mudanças estruturais numa sociedade. Mas quando imposta é mal-vista pela sociedade e potenciadora de forças radicais ou politicamente extremadas.

A necessária e rápida mudança da sociedade implica obrigatoriamente o assimilar de novas correntes,quer sejam liberais, ecológicas ou populares. E com o desejo de maior liberdade de outros povos a quem foram negadas a escolha democrática das eleições livres, a social-democracia transformou-se num movimento internacional. Prova disso foram os movimentos populares na Ucrânia e mais recentemente, no Kazaquistão, impulsionadas pelos governos mais liberais da Europa.

Ao tomar esta dimensão trans-nacional, os Estados têm, além da Nação, que apoiar as instituições internacionais e pugnar por standards globais que conduzam a uma melhor vivência numa sociedade global. A solidariedade e a segurança de todos começa a tomar uma elevada prioridade nos governos em exercício. E isso leva a que sejam tomadas decisões políticas polémicas fora da esfera geográfica de cada país, como é o caso da política anglo-saxónica. Uma ameaça deixa de ser só local e contida numa dada região.

Este novo espectro político traz novos receios para as sociedades europeias. E com eles surgem novas regras internacionais. Novas medidas de controle, no que diz respeito à emigração, defesa, combate ao crime internacional e terrorismo, surgem no intuito de proteger os direitos dos indivíduos na sociedade global.

Todas estas medidas, e o paradigma da globalização, vão levar ao aparecimento de uma nova Estratégia de Lisboa. Esta levará mais em conta a China e Índia, e a necessidade urgente de se criarem novas redes empresariais europeias, com uma maior influência nos Estados europeus. O controle dos recursos energéticos e da matéria prima serão primordiais para serem, elas mesmo, competitivas num mercado global. Uma aliança comercial alargada com países produtores em África provavelmente será uma realidade, com um alargamento da Europa à dimensão pan-nacional da Commonwealth, à Turquia e ao Médio Oriente.

1 comentário:

E disse...

Existe alguma dose de liberalismo clássico associado à socialdemocracia.

Todos nascemos iguais - esta era a ideia do liberalismo clássico que floresceu no sec.18, combatendo a aristocracia.

Todos temos a liberdade humana de seguir caminhos diferentes e vivermos de maneira diferente - foi o que demarcou a social-democracia do socialismo no inicio do sec.20, ao aderir ao modelo capitalista, um modelo social mais "flexivel".

O Socialismo é abandonado como meta final, para diferenciar os partidos sociais-democratas dos de índole marxista-leninista, ou comunistas, esses verdadeiramente socialistas.

Em Portugal, não se pode afirmar que o PS, e muito menos o PSD, são partidos socialistas. Na prática, isso não acontece, embora originalmente até o PPD/PSD tinha como meta, no seu 1º manifesto eleitoral, atingir o socialismo - quem diria?

A ideologia e os partidos não permaneceram estagnados no tempo, tiveram que evoluir. Houve a 2º guerra mundial, que mudou toda a sociedade europeia, a União Europeia e agora a Globalização.

O nacionalismo é intríseco porque na social-democracia, não existe uma estrutura internacional que dite a política geral de cada partido em cada país. Ou seja, os ideais de cada partido social-democrata reflectem o país ao qual pertencem. Não confundir com partidos nacionalistas.

Se um partido social-democrata é liberal e nacional, sim, é. Mas muito, não. Se o aparenta, é porque a economia faz parte do seu modelo ideológico, e ela têm repercussões fortes na sociedade actual - money makes the world go around.

Se quiseres defender um ponto de vista diferente, força, que depois transcrevo o artigo para 1º plano.