2008-01-20

Da Natureza das Coisas dentro do PPD/PSD

O PPD/PSD em Lisboa não existe!

Correu bem em 2005, mas em 2007 foi o que se viu. Só agora em 2008 temos acusações deduzidas e claros indícios de financiamento ilícito do PSD nas autárquicas de Lisboa, tornados públicos. Para quem quer governar, com que direito podem depois exigir o cumprimento da lei se dentro do partido é um autêntico faroeste? Está muito claro que isto leva ao descrédito do partido e marca o que a opinião pública pensa do PPD/PSD. Não existe exceptuando os deputados do PPD/PSD na Assembleia Municipal de Lisboa!

Marques Mendes forçou a demissão de Carmona Rodrigues devido ao escândalo BragaParques. Foi muito criticado dentro do partido por ter tomado esta decisão que levou à perda da maior câmara municipal e a que mais notoriedade têm a nível nacional. Foi o que se viu e deu no que deu. Afinal, tinha razão.
Marques Mendes preferiu respeitar os princípios democráticos, não andasse ele a defender o racionalismo humanista dentro do partido, coisa aliás completamente "démodé" e que não cativou os militantes.

E Menezes? Se fosse ele preferia manter o
status quo, os cargos, os tachos, as assessorias, os favores pessoais, a capacidade de influenciar decisões que não são mais que a protecção de interesses económicos, do que a clareza democrática. Acho que Menezes "cuspiu" nos lisboetas. Isto têm que ficar claro! Menezes se estivesse na mesma situação preferia manter o poder autárquico que ir a votos. É por isto que não acredito que abra mão do partido e convoque directas antes de 2009. Têm que ser forçado a tal. E isso não é impossível de acontecer. Já aconteceu e pode voltar a acontecer.

Ninguém no seu perfeito juízo poderia dizer que Lisboa ficou a ganhar com o negócio ParqueMayer/FeiraPopular. Foram quase 14 milhões de euros de prejuízo. Actualmente, o PPD/PSD, completamente ausente da cena política em Lisboa, está a enveredar por uma estratégia de contenção de danos, não assumindo responsabilidades com a história - os dirigentes podem mudar, mas têm que viver com a história do partido - não lutando pelo programa apresentado nas urnas, e é um dado adquirido que nas próximas eleições o
alcaide vai continuar a ser socialista. Fernando Negrão está completamente subalternizado dentro do Partido, não se irá recandidatar e é garantido que sairá de cena da política nacional dentro de 1 ano. A luta pela Distrital de Setúbal correu-lhe mal e voltar a Setúbal está fora de questão.

Um à-parte, a mesma história não se passa noutras câmaras municipais onde autarcas que são arguidos ou sob suspeita de crimes de corrupção e afins, não são remodelados pelas direcções do partido. A estas não lhes interessa porque não prejudica a imagem do partido a nível nacional. Mas Lisboa já é diferente. Fica o reparo.

A (im)postura de Menezes

O agora líder do PPD/PSD anda a falar em baixar os impostos. Já é a terceira vez que muda de discurso. Que tipo de primeiro-ministro seria ele se nem consegue apresentar um discurso coerente, uma ideia para o país, a defesa de bandeiras com que se apresentou na liderança do partido.
  • Longa vida à Ota. Passou a ser Alcochete. Já agora, o custo de aquisição de terrenos na Ota a serem pagos pelo Estado eram cerca de 150 milhões de euros. Em Alcochete o custo previsto pelo LNEC a pagar pelas expropriações é cerca de 242 milhões de euros. Então não andavam a dizer que a aquisição de terrenos era "a custo zero" em Alcochete? Pois é...
  • Na Saúde defende a privatização do sector. Mas foi a Anadia aproveitar-se da situação, puxou dos galões de médico mas levou um "puxão-de-orelhas" de uma multidão que está farta de políticos que cobram e não cumprem promessas. Diz que está contra mas não é capaz de apresentar uma alternativa. Está à espera que o Cunha Vaz e Associados lhe diga o que deve dizer.
  • IVA, IRS, IRC, vai tudo abaixo segundo o Menezes. Antes não era o caminho a seguir, estava - ou está, ninguém sabe! - com a política fiscal de José Sócrates, contestava o raciocínio de Marques Mendes, agora tomou-lhe a bandeira de assalto.
  • Afirmou nas directas que as distritais é que escolhem os seus representantes no Parlamento. Caiu por terra após um dos seus vice ameaçar silenciar militantes incómodos à liderança do partido, retirando-os da lista do PSD nas próximas legislativas.
Uma personagem que quer "desmantelar o Estado" mas ao mesmo tempo quer criar mais Administração Pública, regionalizando Portugal? Que fica incomodada com o pluralismo dentro do PSD mas que nunca deixou de criticar as anteriores direcções partidárias? Que diz coisas e desdiz na semana seguinte? Que afirma ter ideias fortes para um Portugal melhor, mas que só diz baboseiras económicas que envergonham o partido na televisão em directo? Que se orgulha da sua obra em Gaia, uma câmara municipal atolada em dívidas? Alguém acredita que um tipo destes pode vir a ser primeiro-ministro de Portugal?