2007-02-01

Fascismo Islâmico

Toda a gente sabe - ou devia saber - que as 3 setas pertencentes ao símbolo do PSD atestam a luta contra o fascismo, desempenhada pela classe trabalhadora durante a 2º guerra mundial. É incrível - ou lamentável - verificar que esta ideologia floresce em diferentes regiões do mundo, independentemente da sua religião e cultura. Ser social-democrata implica defender a democracia e combater qualquer forma de totalitarismo, mesmo que vivamos numa altura de re-estruturação dos nossos princípios e ideais.

O combate ao terrorismo não conhece tréguas e bate-se contra um inimigo invisível, diluído na sociedade civil, e que considera tudo e todos dispensáveis com vista a alcançar os seus objectivos, usando a fé do Islão como uma cobertura para uma ideologia totalitária. Muito como o Nacional-Socialismo Alemão do século passado, embora agora falarem árabe e em vez da raça ariana terem a religião muçulmana como fonte ideológica.

Exemplos de movimentos islâmico-fascistas são os muçulmanos sunitas Wahabistas da Arábia Saudita, os Jamalatis Jihadistas no Paquistão, e a Irmandade Muçulmana do Egipto. Também os encontramos nas fileiras dos muçulmanos xiitas, representados pelo Hezbollah no Líbano e os grupos fundamentalistas iranianos apoiados pelo Presidente Mahmoud Ahmadinejad. São todos tipos perigosos, com características idênticas ao fascismo clássico que quase toda a gente conhece ou já ouviu falar e pensam que já não têm lugar na história contemporânea.

O Fascismo Clássico - e agora na sua nova forma, o Islâmico - é distinguível dos movimentos políticos de extrema direita pela sua recusa em obedecer à lei, violando-a consoante os seus interesses, e desafiando a ordem social e cidadania implantada. É a partir deste contexto ideológico que se reforça a bandeira clássica da esquerda do século passado, a cidadania, e por parte da direita, a ordem social. Isto em meados do Séc. XX.

Nessa altura, as organizações fascistas mais activas na Europa, as de Mussolini e de Hitler, perseguindo os seus objectivos de alcançar o poder a qualquer custo, não tiveram quaisquer problemas em romper a paz instalada, e acabaram com as instituições parlamentares e respectivos partidos.

A ditadura de Salazar pode ser considerada de orientação fascista, mas nunca chegou aos níveis brutais destes regimes, especialmente o de Hitler, com o extermínio de mais de 1 milhão de judeus em campos de concentração. Usaram e abusaram do terror contra a sociedade em geral com vista a tomar o poder, substituindo a estrutura política vigente na altura. Contudo, não devemos cair no erro de desculpar ou defender Salazar pelo que fez. Mal estaríamos se caíssemos no ponto de querer o regresso aos "tempos novos" do Estado Novo, só porque as coisas não nos correm actualmente de feição.

O fascismo
é diferente de uma ditadura, por mais cruel que este último seja, como no Chile com Pinochet o foram. Politicamente é errado pensar que os fascistas pretendem a manutenção da ordem e o estado social. Acabaram por combater a elite dirigente, envolvida na governação da sociedade, de modo a se substituirem a eles a todo o custo.

Voltando ao Fascismo Islâmico, este pretende atingir os seus fins sem olhar a meios, criando cenários de ruptura social global de forma arbitrária e gratuita. E isso passa por ataques terroristas, isolados ou em conjunto dentro de um estado, ou mesmo acabando por assumir o controlo geoestratégico do mesmo, levando-o a entrar em guerra com países vizinhos, promovendo o espírito de "um novo mundo", um império onde só têm lugar uma sociedade quebrada, dominada pelo terror e extremamente vulnerável.

Donde vêm o seu apoio, a sua força? Do ponto de vista económico, a partir da classe média, em geral frustrada e em crise, não sabendo o que lhe reserva o amanhã. É fácil partir para uma posição radical, irracional, face às dificuldades económicas. É o que actualmente acontece na maior parte dos países muçulmanos, devastados pelos conflitos internos. Não é só em países do Médio-Oriente que este problema se coloca
mas também em África.

Totalitária em si, o fascismo islâmico levaria à criação de uma divisão entre muçulmanos e os não-crentes em Alá. Levaria a um regime de constante rejeição e conflito interno e a nível internacional, à instauração de um regime paramilitar, indo mesmo contra a própria elite militar regente. A Al-Quaeda e o Hezbollah são ambas organizações paramilitares. Combatida pela comunidade muçulmana moderada, o Fascismo Islâmico é uma distorção do Islão, revestida de um sentimento de patriotismo perverso tal como o fascismo alemão e italiano o foram.

Democrata, democrata sou, mas não tanto. O Fascismo e este sob qualquer forma não pode ter lugar na democracia. É preciso combatê-lo e não ter um espírito conivente e permissivo. E por isso é-me difícil perceber a posição do democrata Jacques Chirac sobre a política nuclear do Irão. Já lhe deve pesar a idade...

Referências:
- Stephen Schwartz, "What is Islamofascism?", Setembro de 2006

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