Existem milhares de razões para não construir um aeroporto na Margem Sul.
Existem 160 mil razões para não se construir o novo aeroporto de Lisboa em Rio Frio. E existem 10 mil razões para não o construir no Poceirão. E já agora, mais uma centena de milhar de razões que se teriam para não se poder expandir o novo aeroporto nessas duas localizações. Cada uma dessas razões é uma árvore, o sobreiro, espécie protegida por lei.
Defender que se instale um aeroporto numa região de montado de sobro, levando ao abate de dezenas ou centenas de milhar de sobreiros porque é financeiramente mais atractivo e com menores custos a curto prazo, só mostra que a perspectiva de lucro fácil e interesses de capitais privados ainda têm eco na nossa sociedade contemporânea, e que se pode "dar cabo" do ambiente com o maior "à-vontade" porque a conta a pagar no final é mais reduzida.
Por norma, nunca o é.
Num país civilizado que se preze e que tenha orgulho na sua terra, nas suas gentes e que se preocupa com o futuro dos seus filhos, não passa pela cabeça de ninguém que se destrua um ecossistema equilibrado e economicamente sustentável, para ali se construir uma cidade aeroportuária de média dimensão.
Por isso, fico atónito quando a generalidade da população e em especial alguns técnicos em transportes (terrestres, na verdade que se o diga) acharem "O.K." que a Margem Sul merece ser estudada, sem ter em conta o gigantesco impacte ambiental que isso vai ter. Nem o facto de a Margem Norte ter mais população, 2 milhões e meio de pessoas, do que a Margem Sul, com 750 mil pessoas, parece ser um factor de ponderação. Ou seja, não são considerados estes factores de eliminação logo à partida. Incrível. Só mesmo em Portugal.
Mas afinal, o que é o sobreiro? Quem vive no campo, sabe a preciosidade que representa para as gentes "da terra", mas a malta da cidade, afastada das ruralidades, desconhece ou ignora completamente as suas mais-valias.
O Sobreiro (Quercus suber) é de tamanho mediano, folhagem persistente, nativa do sudoeste da Europa e Noroeste de Africa.
Pode crescer até a uma altura de 20 metros. As suas folhas têm um comprimento de 4 a 7 cm. O fruto da árvore é a bolota, um alimento essencial para a vida selvagem que habita na sua área, atingindo um comprimento de 2 a 3 cm.
O sobreiro é cultivado em Espanha, Portugal, Algéria, Marrocos, França, Itália e Tunísia, cobrindo 2.5 milhões de hectares numa área total. Portugal produz 50% dos valores de colheita da cortiça. É um bem precioso e por lei, estas árvores são proibidas de serem abatidas excepto se estiverem velhas e não-produtivas, opção estritamente tomada pela gestão da fileira florestal.
O sobreiro vive em média 150 a 250 anos. Com a idade de 25 anos já dão a 1º colheita. É necessário mais 10 a 12 anos para a 2º colheita. A cortiça pode ser colhida uma dúzia de vezes no tempo de vida de uma árvore sem a destruir. É uma operação inteiramente manual. A freguesia mais rica de Portugal têm os seus rendimentos obtidos inteiramente do montado de sobro.
A indústria europeia de cortiça produz 340 mil toneladas por ano com um valor de 1.5 mil milhões de € e emprega 30 mil pessoas. A cortiça para vinhos representa 15% de peso bruto mas conta para 66% das receitas. Um dos últimos promotores da cortiça para vinhos de Portugal foi José Mourinho. E as suas aplicações vão desde o isolamento térmico das casas até à indústria aeroespacial.
Fazer o Novo Aeroporto na Margem Sul é o maior atentado ambiental que se pode fazer em Portugal. É, para mim, uma tremenda desilusão a direcção do PSD aprovar, tacitamente, que se encare o aeroporto na Margem Sul, ao mesmo tempo que defende uma política ambiental rigorosa e competente. Não suporto hipocrisias e desonestidades e a política partidária está cheia delas, especialmente quando se está na oposição.
Existem 160 mil razões para não se construir o novo aeroporto de Lisboa em Rio Frio. E existem 10 mil razões para não o construir no Poceirão. E já agora, mais uma centena de milhar de razões que se teriam para não se poder expandir o novo aeroporto nessas duas localizações. Cada uma dessas razões é uma árvore, o sobreiro, espécie protegida por lei.
Defender que se instale um aeroporto numa região de montado de sobro, levando ao abate de dezenas ou centenas de milhar de sobreiros porque é financeiramente mais atractivo e com menores custos a curto prazo, só mostra que a perspectiva de lucro fácil e interesses de capitais privados ainda têm eco na nossa sociedade contemporânea, e que se pode "dar cabo" do ambiente com o maior "à-vontade" porque a conta a pagar no final é mais reduzida.
Por norma, nunca o é.
Num país civilizado que se preze e que tenha orgulho na sua terra, nas suas gentes e que se preocupa com o futuro dos seus filhos, não passa pela cabeça de ninguém que se destrua um ecossistema equilibrado e economicamente sustentável, para ali se construir uma cidade aeroportuária de média dimensão.
Por isso, fico atónito quando a generalidade da população e em especial alguns técnicos em transportes (terrestres, na verdade que se o diga) acharem "O.K." que a Margem Sul merece ser estudada, sem ter em conta o gigantesco impacte ambiental que isso vai ter. Nem o facto de a Margem Norte ter mais população, 2 milhões e meio de pessoas, do que a Margem Sul, com 750 mil pessoas, parece ser um factor de ponderação. Ou seja, não são considerados estes factores de eliminação logo à partida. Incrível. Só mesmo em Portugal.
Mas afinal, o que é o sobreiro? Quem vive no campo, sabe a preciosidade que representa para as gentes "da terra", mas a malta da cidade, afastada das ruralidades, desconhece ou ignora completamente as suas mais-valias.
O Sobreiro (Quercus suber) é de tamanho mediano, folhagem persistente, nativa do sudoeste da Europa e Noroeste de Africa.
Pode crescer até a uma altura de 20 metros. As suas folhas têm um comprimento de 4 a 7 cm. O fruto da árvore é a bolota, um alimento essencial para a vida selvagem que habita na sua área, atingindo um comprimento de 2 a 3 cm.
O sobreiro é cultivado em Espanha, Portugal, Algéria, Marrocos, França, Itália e Tunísia, cobrindo 2.5 milhões de hectares numa área total. Portugal produz 50% dos valores de colheita da cortiça. É um bem precioso e por lei, estas árvores são proibidas de serem abatidas excepto se estiverem velhas e não-produtivas, opção estritamente tomada pela gestão da fileira florestal.
O sobreiro vive em média 150 a 250 anos. Com a idade de 25 anos já dão a 1º colheita. É necessário mais 10 a 12 anos para a 2º colheita. A cortiça pode ser colhida uma dúzia de vezes no tempo de vida de uma árvore sem a destruir. É uma operação inteiramente manual. A freguesia mais rica de Portugal têm os seus rendimentos obtidos inteiramente do montado de sobro.
A indústria europeia de cortiça produz 340 mil toneladas por ano com um valor de 1.5 mil milhões de € e emprega 30 mil pessoas. A cortiça para vinhos representa 15% de peso bruto mas conta para 66% das receitas. Um dos últimos promotores da cortiça para vinhos de Portugal foi José Mourinho. E as suas aplicações vão desde o isolamento térmico das casas até à indústria aeroespacial.
Fazer o Novo Aeroporto na Margem Sul é o maior atentado ambiental que se pode fazer em Portugal. É, para mim, uma tremenda desilusão a direcção do PSD aprovar, tacitamente, que se encare o aeroporto na Margem Sul, ao mesmo tempo que defende uma política ambiental rigorosa e competente. Não suporto hipocrisias e desonestidades e a política partidária está cheia delas, especialmente quando se está na oposição.
2 comentários:
Porque não a Portela, com outros 'apoios' para os 'low cost'?
***
I.
Estudos de tráfego aéreo indicam que é impossível coordenar os vôos com um nível aceitável de segurança, se a Portela estiver a operar simultâneamente com Montijo opção A/B; Alcochete; Rio Frio opção A/B; Sintra; Cascais; Alverca; Ota de modo a servir 25 milhões de passageiros por ano. É necessário definir um perímetro a 3 dimensões onde as aeronaves possam ser controladas com segurança. A área de controlo terminal do aeroporto nas zonas supra-referidas acaba por interferir com a Portela.
Beja pode vir a ser uma opção interessante para desviar o tráfego turístico com destino a Sul de Lisboa. Mas grande parte do tráfego será para a região de Lisboa e Oeste/Litoral Centro. Portanto a Ota acaba por ficar no centro das necessidades.
O que os "nossos" políticos têm vindo a terreiro dizer está errado e estão a brincar com a vida das pessoas. O intuito deles acaba por ser o de explorar esta questão nacional - e não só restrita a Lisboa - com o intuito de ganhar votos. Se fossem técnicos, seriam despedidos por incompetência. Mas como são políticos, podem dizer as maiores alarvidades técnicas que a comunicação social e o povo "papa tudo". O que estão a prometer é irrealizável mas o importante na política é ganhar o poder e não ser coerente com o que foi dito quando estavam na oposição ou em fase de campanha. É por isso que os portugueses acham que a classe política está descredibilizada.
Não perca o próximo debate do Prós e Contras, já amanhã. Vai ser sobre a Ota.
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