2008-04-30

Passos Coelho propõe mais liberdade na vida pública, económica e privada

Pedro Passos Coelho apresentou hoje a carta de valores da sua candidatura à presidência do PSD, onde propõe mais liberdade na vida pública, económica e privada e promete falar verdade, considerando-a um compromisso de honra.

A pessoa é o primeiro dos dez valores da candidatura de Passos Coelho, que rejeita "os 'ismos' que, em nome de ideologias, sacrificam as pessoas e promovem a existência de uma burocracia sem rosto". "Defendo o indivíduo na plena posse dos seus direitos e deveres, marca essencial da matriz social-democrata", declara no documento, que exalta o mérito e a iniciativa individual.

O segundo valor afirmado pela sua candidatura é a liberdade: "mais liberdade no espaço público, mais liberdade na actividade económica, mais liberdade na vida privada, mais liberdade no exercício pleno da cidadania".

Passos Coelho sublinha que quer "uma liberdade responsável, onde cada um possa viver com a consequência das suas decisões".

Como terceiro valor, o ex-presidente da JSD elegeu a verdade. "Falaremos verdade", promete na sua carta de valores, considerando que "em democracia uma escolha falseada é uma escolha ferida de morte". "Recuso a política das meias palavras determinadas pela mera vontade de somar votos ou pelas conveniências da conjuntura. A verdade é para mim um imperativo ético e um compromisso de honra", reforça.

A confiança, a esperança e a mudança são outros dos dez valores da candidatura, que ambiciona promover "uma mudança profunda no PSD" e "uma nova evolução para Portugal".

"Há momentos em que é preciso assumir a coragem de mudar", defende Passos Coelho, que assume "a exigência de reconstruir a base programática da social-democracia, de restituir ao PSD um rumo claro e ajustado à sociedade dos nossos dias, reflectindo os anseios e as ambições das novas gerações".

O candidato defende ainda os valores da união, mas "na diversidade", da autoridade, embora recusando "sem hesitar todo e qualquer autoritarismo", e um país com "justas oportunidades para todos".

Quando afirma o mérito e a iniciativa individual como valores, Passos Coelho aponta o exemplo da sua candidatura: "Esta candidatura é a expressão de uma iniciativa individual, sem temer dificuldades e sem quaisquer garantias prévias de adesão. Por isso dou valor ao empreendedorismo".

2008-04-28

Manuela volta a encher sede do PSD

Manuela Ferreira Leite garantiu que a sua campanha não será uma campanha de espectáculo, que diz não saber fazer, mas foi num clima quase de comício que a sua candidatura foi anunciada na sede nacional do partido. Depois de um primeiro discurso numa sala a abarrotar de militantes, Ferreira Leite fez um "bis", de microfone na mão, no alto das escadarias do edifício para o pátio de entrada da sede onde largas dezenas de militantes sociais-democratas, que não chegaram a entrar, esperaram para ouvir.

"Isto foi uma encenação enorme", comentava um jovem do partido reconhecendo, no entanto, que a capacidade de mobilização voltou a tocar no PSD. Depois de um longo jejum de encontros vitoriosos, que, nos últimos tempos, deixou a sede do partido às moscas, o anúncio da candidatura da ex-ministra das Finanças conseguiu, com mais ou menos produção, ensaiar o regresso aos grandes momentos.

Pôr fim "à desistência e conformismo" e recuperar "o crédito do PSD junto da opinião pública", foram, aliás, as duas principais razões invocadas pela candidata para se disponibilizar para este combate.

"Estou aqui a pedir o vosso apoio, não por uma ambição de poder ou de vaidade pessoal, mas por um sentido de responsabilidade face ao meu país e ao meu partido", afirmou Ferreira Leite, garantindo que "esta foi, talvez, a decisão política mais difícil" que tomou até hoje.

Num discurso exclusivamente virado para os militantes de base que a candidata sabe não ser fácil congregar numa corrida disputada a cinco, Ferreira Leite mostrou-se "muito incomodada com a falta de respeito com que começam a tratar-nos" e mostrou-se disposta a pôr termo "às manifestações de autoritarismo e intimidação que o PS vem crescentemente revelando". Alertando que tal só é possível porque o PSD não tem tido força nem credibilidade a ex-ministra anunciou que "a palavra essencial" que diz ser para deixar ao partido é de "estímulo e confiança quanto ao futuro". "Quero um partido forte, capaz de oferecer aos portugueses políticas diferentes, credíveis e sólidas, em relação as que o governo socialista mostra ser incapaz de conceber e executar" acrescentou avisando os militantes sociais-democratas de que "o resultados destas eleições é decisivo para o nosso futuro".

Numa nota de dramatização do que está em causa, mais virada para os homens que defendem o partido no terreno, Ferreira Leite lembrou que "um maior descrédito nas eleições legislativas poderá ter um efeito contágio nas eleições autárquicas". Dirigindo-se sobretudo aos militantes de base que são quem vai escolher, directamente, o próximo líder do PSD, a candidata tentou jogar no afecto: " Sei que os militantes me conhecem, quer através da minha vida pública, quer através dos contactos que sempre convosco mantive".

Além das dezenas de militantes anónimos que responderam à chamada - alguns confessando ter recebido dois e três telefonemas para estarem presentes -, compareceram na sede social-democrata muitos dos rostos que se mantiveram afastados durante a liderança de Luís Filipe Menezes. Leonor Beleza, Alexandre Relvas, Rui Rio, José Luís Arnaut, António Borges, António Capucho, José Pedro Aguiar Branco, Nuno Morais Sarmento e Pacheco Pereira são apenas algumas das referências do PSD que quiseram associar-se ao momento. Paulo Mota Pinto, filho do ex-líder do partido, Carlos Mota Pinto, e Santos Silva, cunhado de Cavaco Silva, também marcaram presença.

António Preto, ex-presidente do PSD/Lisboa e homem com grande influência junto do aparelho e dos militantes de base na capital, era um dos mais entusiastas animadores deste regresso ao clima de confiança que, pelo menos por esta tarde, voltou ao Palácio de São Caetano à Lapa.

2008-04-21

Crónicas do PSD

Quem não gosta de críticas ao partido, não leia este "post". Vai-lhe trazer muitos amargos de boca.

Clarificação precisa-se
A questão que eu me coloco é simplesmente esta: será o PSD um partido social-democrata?
Não. Resulta de uma amálgama de correntes representativas de grupos com visões diferentes entre eles das políticas a defender na governação de Portugal. O facto de se chamar Partido Social-Democrata é enganador. A sua prática política é mais orientada à liberalização progressiva, diminuição das despesas do Estado com a "emancipação" de responsabilidades sociais, pondo em risco o ideal social-democrata, o "Estado Social".

Vivendo uma grande mentira
Não acredito que o actual PSD consiga alterar a sua linha programática, virando à esquerda. O caminho cada vez mais nítido, por mais que as novas direcções do partido o tentem esconder, é o ataque ao Estado Social, conversão de parcerias público-privadas em entidades autónomas com capital privado e progressiva redução de impostos para os Portugueses. É liminarmente impossível tentar garantir maior protecção social, ou um serviço à altura dos países verdadeiramente "social-democratas", com uma baixa de impostos, redução de capacidade de serviços públicos e sua deslocação para o sector privado. Portugal ocupa a meia-tabela em termos de peso dos impostos no orçamento familiar, entre o México e a Finlândia. Não se fazem omeletes sem ovos.

Que elites ditam o futuro do PSD?
Existe um cancro dentro do PSD e que vai acabar por ser o responsável pela sua transformação num partido liberal. Esta têm sido a corrente defendida pela ala intelectual barrosista, com vista a permitir o enriquecimento rápido da sociedade portuguesa. Isso resultaria numa sociedade anglo-saxónica (UK, USA, Austrália), mas por cá, não acredito. Isto porque o nosso mercado não têm dimensão suficiente e a existência de grandes empresas acabam por impôr um modelo corporativo que atrasa o desenvolvimento social generalizado.

Onde entram as bases do PSD?
Não entram na definição do rumo a seguir pelo PSD. Mas entram, pagando quotas e quando este ganha eleições, na sua nomeação para o desempenho de cargos públicos na junta, na autarquia, no Estado, em serviços administrativos ou executivos de empresas públicas. É a fonte mais provável de recursos humanos. Não há ninguém no PSD que esteja lá por convicção ideológica, e se houver, são poucos. Exemplo disso é a postura "carreirista" de muitos que se auto-silenciam de maneira a que não sejam vistos como "demasiado radicais", "instáveis", "politicamente incorrectos". Há muita cobardia à solta dentro do PSD. Se houvessem mais "Rui Rio"´s, o PSD seria um partido exemplar, credível, em que ostentar o cartão de militante do PSD seria motivo de orgulho e não de chacota. Porque são exactamente as bases, nas Secções, e que elegem as Distritais, que fecham os olhos aos casos de corrupção, abuso de poder, crimes económicos, sem a mínima preocupação em "limpar o bom-nome do Partido".

O PSD é um partido?
Quando Pacheco afirma que a ideologia, a esquerda e a direita, são "coisas do passado", reflecte a rendição ao pragmatismo e ausência de políticas bem definidas pelo próprio partido. Se definirmos um partido como um grupo de pessoas que se associaram com vista a implementar um projecto político para Portugal com teor nacional, o PSD falha - por pouco - esta definição. O que se pode enquadrar o PSD é num partido-programa, qual agenda que o eleitor folheia e se entretém, imaginando a estabilidade e o futuro risonho que o partido-empresa lhe promete. É mais acertado chamar-lhe o partido das empresas (da Somague, da Etermar, da Lusoponte), dos empresários, dos empreendedores (o que até é positivo), do que propriamente um partido social-democrata.

2008-04-17

José Pedro Aguiar Branco

Será que ele consegue?

Dança, MENEZES!

Chegaste de passos apertados
Os olhos embargados
Cheios de medos teus
Pediste que te levasse a mágoa
E que te tocasse a alma olhando para os meus

Apertei-te contra ao peito, num abraço perfeito.

A rua como companhia
Às vezes escura e fria
Dura realidade
Ninguém olha p'ra ti
Com olhos de gente
Até mesmo indiferente
A quem és de verdade
Esquece o teu mundo lá fora
É hora de ir dançar!

Esta noite dança só p'ra mim
Que esta dança nunca tenha fim
São asas que me dás
Levam alto p'ra longe

Esquece o teu mundo lá fora
É hora de ir dançar!

Esta noite dança só p'ra mim
Que esta dança nunca tenha fim
São asas que me dás
Levam alto

E esta noite dança só p'ra mim
Que esta dança nunca tenha fim
São asas que me dás
Levam alto p'ra longe
Até de mim
Até de mim!