Quando começo a escrever este post, lembro-me da falta de parafusos nos serviços técnicos da autarquia lisboeta. Ou a falta de subsídios a obras sociais de apoio aos mais desfavorecidos. E a quebra de contrato por falta de pagamento a serviços de gestão de resíduos prestados por empresas terceiras. Mas pronto, parece-me que não é isso que é o mais importante...
Esta situação já era esperada há largos meses. Era inevitável que se chegasse a um ponto de ruptura da CML. Gerir uma câmara, especialmente Lisboa, é uma tarefa complexa, e a tomada de decisões para a racionalização de serviços e centralização funcional eram necessárias. Contudo, esse caminho não foi trilhado. Resultado: um aumento exponencial de custos na gestão corrente, e perda de receitas. A C.M. de Lisboa está praticamente falida, com dívidas astronómicas, escritas nas estrelas.
Sempre considerei que um político não pode considerar-se a si ou outrem insubstituível, mesmo nas piores condições. Ninguém é ou pode personificar a figura de "Salvador da Pátria". Mesmo quando o navio se presta a ir ao fundo e queira transmitir a ideia de que os ratos são sempre os primeiros a abandoná-lo. Pelo que eu sei, um navio não se governa sozinho. Um político deve, acima de tudo, "obediência" e respeito ao povo. E numa situação em que a C.M. de Lisboa chegou e está patente para toda a gente com dois dedos de testa, um político com bom-senso renunciaria ao seu mandato. Uma questão de honra, Carmona?
O mesmo se aplicaria aos vereadores da oposição. O que se passou nos últimos meses demonstra uma dualidade de critérios incompreensível num Estado moderno e democrático, mas possível pela fraca qualidade que é exigida aos políticos por parte do seu eleitorado. Que dizer da CDU pelo que se passou em Setúbal, do PS em Oeiras e do BE em Salvaterra-de-Magos? Será falta de postura democrática, uma incapacidade de saber reconhecer que não é assim que uma oposição ou executivo se deve comportar, não renunciando logo ao mandato quando a situação é insuportável, ficando à espera que os outros ou o Ministério Público tomassem a iniciativa? Será a necessidade de sobrevivência, agarrando-se aos cargos políticos, prejudicando o serviço público onde a total disponibilidade e independência é primordial nos dias que correm?
Um partido (e a sua direcção), moderno, responsável e coerente, toma as decisões que são as mais acertadas e benéficas para a democracia. Mesmo que isso leve à perda da C. M. de Lisboa. Um verdadeiro líder não coloca o poder - o seu ou de outros - à frente dos princípios em que um partido se deve reger. Isso é acabar com a credibilidade, penhorando o futuro do partido em busca de benefícios a curto prazo. Por isso, Marques Mendes esteve muito bem.
Os próximos tempos, meses, serão conturbados. Os anos seguintes, difíceis do ponto de vista político. Extremamente complicados para a C.M. de Lisboa. Mas afinal de contas, o que interessa é que os lisboetas - eu inclusive - só querem que lhes resolvam os problemas do dia-a-dia, e que lhes dêem um espaço limpo onde possam viver com qualidade e em segurança. Para isso acontecer, é imprescindível que o executivo camarário seja uma equipa de gestores profissionais capazes da árdua tarefa de recuperar Lisboa.
E não metam lá os boys se fazem favor. Eu agradeço.
Esta situação já era esperada há largos meses. Era inevitável que se chegasse a um ponto de ruptura da CML. Gerir uma câmara, especialmente Lisboa, é uma tarefa complexa, e a tomada de decisões para a racionalização de serviços e centralização funcional eram necessárias. Contudo, esse caminho não foi trilhado. Resultado: um aumento exponencial de custos na gestão corrente, e perda de receitas. A C.M. de Lisboa está praticamente falida, com dívidas astronómicas, escritas nas estrelas.
Sempre considerei que um político não pode considerar-se a si ou outrem insubstituível, mesmo nas piores condições. Ninguém é ou pode personificar a figura de "Salvador da Pátria". Mesmo quando o navio se presta a ir ao fundo e queira transmitir a ideia de que os ratos são sempre os primeiros a abandoná-lo. Pelo que eu sei, um navio não se governa sozinho. Um político deve, acima de tudo, "obediência" e respeito ao povo. E numa situação em que a C.M. de Lisboa chegou e está patente para toda a gente com dois dedos de testa, um político com bom-senso renunciaria ao seu mandato. Uma questão de honra, Carmona?
O mesmo se aplicaria aos vereadores da oposição. O que se passou nos últimos meses demonstra uma dualidade de critérios incompreensível num Estado moderno e democrático, mas possível pela fraca qualidade que é exigida aos políticos por parte do seu eleitorado. Que dizer da CDU pelo que se passou em Setúbal, do PS em Oeiras e do BE em Salvaterra-de-Magos? Será falta de postura democrática, uma incapacidade de saber reconhecer que não é assim que uma oposição ou executivo se deve comportar, não renunciando logo ao mandato quando a situação é insuportável, ficando à espera que os outros ou o Ministério Público tomassem a iniciativa? Será a necessidade de sobrevivência, agarrando-se aos cargos políticos, prejudicando o serviço público onde a total disponibilidade e independência é primordial nos dias que correm?
Um partido (e a sua direcção), moderno, responsável e coerente, toma as decisões que são as mais acertadas e benéficas para a democracia. Mesmo que isso leve à perda da C. M. de Lisboa. Um verdadeiro líder não coloca o poder - o seu ou de outros - à frente dos princípios em que um partido se deve reger. Isso é acabar com a credibilidade, penhorando o futuro do partido em busca de benefícios a curto prazo. Por isso, Marques Mendes esteve muito bem.
Os próximos tempos, meses, serão conturbados. Os anos seguintes, difíceis do ponto de vista político. Extremamente complicados para a C.M. de Lisboa. Mas afinal de contas, o que interessa é que os lisboetas - eu inclusive - só querem que lhes resolvam os problemas do dia-a-dia, e que lhes dêem um espaço limpo onde possam viver com qualidade e em segurança. Para isso acontecer, é imprescindível que o executivo camarário seja uma equipa de gestores profissionais capazes da árdua tarefa de recuperar Lisboa.
E não metam lá os boys se fazem favor. Eu agradeço.
5 comentários:
O PS já disse que os seus vereadores se demitem, desde que o PSD ou todos os outros da oposição entreguem a demissão antes deles. Tão à espera porque não querem ser os primeiros.
Vereadores do PSD renunciam em bloco.
Boy's não, mas e que tal a Mª José Nogueira Pinto?
Abraço
Boavida Pires
Essa já marchou antes do Carmona.
Um Abraço.
Ó Boavida;
isso é alguma 'fixação'? :)))
[]
I.
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