2007-10-26

Distrital de Lisboa II - Continuação

"Lisboa Positiva" é assim que se chama a campanha de Carreiras. Lembra-me a campanha da Galp, na altura liderada por António Mexia, a “Energia Positiva”. Espero que não pague direitos de autor. Mas é interessante um movimento de candidatura ir buscar campanhas de marketing de empresas privadas que tiveram sucesso. Não será a política, hoje em dia, um jogo de marketing mais sofisticado?

Esta 5º feira foi o dia escolhido para a apresentação da candidatura de Carlos Carreiras. Mas quem é Carlos Carreiras? Actual vice-presidente da C.M. Cascais, com o pelouro do PDM, ambiente, urbanismo e juventude, entre outras competências, também é o presidente da iniciativa DNACascais, uma empresa participada pela C.M.Cascais que pôs este concelho no mapa global do empreendorismo. Também é gestor profissional, e um militante veterano do PSD, desde os tempo da Jota.

Das críticas que se pode fazer a Carreiras, constato que grande parte delas têm como "pano de fundo" o simples facto de ser competente e acima de tudo um profissional, sem necessidade de viver da política, o que o torna dificilmente manipulável nos tempos que correm. E se calhar, é isto mesmo que o torna o special one.

Na Sala Roma do Altis, vão preparando o show. Dou dois dedos de conversa ao director da apresentação, também ele de Cascais. Carreiras já chegou a algum tempo, e vai esperar mais um pouco. São 21:15 e os militantes continuam a chegar. A esta altura, entre dois copos de scotch e um café olho à minha volta e reconheço caras novas e outras antigas que põem a conversa em dia.

Pelas 21:30 começamos a entrar e Carreiras presta-se ao papel de anfitrião, cumprimentando um a um todos os que entram na sala. Agradável surpresa, a candidatura elaborou um programa, distribuído em folhetos, e um vídeo inaugural para contextualizar a candidatura. Coisa que a outra candidatura não fez, nem uma nem outra.

Reparo na palavra “cidadão”, repetida. É clara a mensagem. A campanha não é virada só para os militantes e para o próprio partido. Assume-se como tendo contas a apresentar do que quer fazer a todos os cidadãos do distrito de Lisboa. Não é uma campanha hermética, escondida, fechada. Têm uma missão que ultrapassa os meros interesses partidários. Não quer só ganhar, quer ganhar e merecer por ganhar.

A equipa de Carreiras apresenta ter uma boa organização, e o programa revela ser estruturado, sólido e mostra inteligência. Mas não previu a enchente de pessoas. O resultado foi acabarmos por ter vários militantes que ficaram de pé, a assistir, durante uma hora.

O mandatário avança. Arlindo de Carvalho, apoiante de Menezes, está presente. Diz bem de Carrreiras. Que “nunca fez inimigos na política”. Que sempre soube separar os conceitos de “adversário político” e “inimigo pessoal”. Difícil de acreditar nos tempos que correm, mas percebo porquê. Carreiras sempre colocou a sua profissão em primeiro lugar, como Cavaco Silva. Um “não-político”? Talvez. Um verdadeiro político, diferente dos que usam a política para auto-promoção? É provável. Muito provável.

Lisboa é a maior distrital do país, com 2 milhões de habitantes, grande parte deles potenciais votantes. Dirigir uma distrital em Lisboa, é uma tarefa de enorme responsabilidade e um cargo de elevada visibilidade. Qual o melhor perfil para um lugar desta natureza? Penso que Carreiras terá menos dificuldade que a Helena nesta posição. Está muito menos fragilizado e não têm o seu nome envolvido em quaisquer processos em investigação. É um outsider das confusões que desabaram a Câmara de Lisboa.

Carreiras avança. Fala bastante. Um candidato a líder com um humor especial. É uma primeira, para mim. A terceira, para ele, mas desta vez à Distrital. Diz que o país “olha muito para Lisboa”. Que o que se passa na capital, têm reflexos pelo país fora. Quem me dera que assim não fosse. Sempre soube estar nas empresas e participar na política. E afirma que estas eleições vão ser as mais importantes. As Autárquicas, as Europeias, as Legislativas. As campanhas políticas vão com certeza desgastar a máquina partidária.

Consciente disso, apela à mobilização dos militantes. Que um partido não pode ser só o líder a falar. Promete uma Lisboa leal à Direcção do partido, mas autónoma. Autónoma q.b. Afirma que não é um político puro. Mas é democrata. Anteriormente candidatou-se duas vezes. Esta é a 3º vez. Mas não insulta os seus adversários. Nem os anteriores, nem os presentes.

“Só se perde quando se desiste!”, diz. É o que personifica os verdadeiros sociais-democratas. Relembra que o PSD sempre foi constituído pelos melhores cidadãos, honrados, sérios, trabalhadores, aqueles que estavam verdadeiramente aptos para exercer um cargo de confiança, de serviço público. E isso é o que o PSD deve voltar a ser.

Vê o voto do cidadão como um “contrato de confiança”. Confiança no candidato mas que não lhe dá o direito de fazer tudo o que quiser. Não é um “cheque em branco”. Ganhar não é tudo. O que realmente importa é o que vai acontecer depois. Senão, a credibilidade, a “sustentabilidade política” do partido é afectada.

Não vai falar de PINs, de PUKs, de Quotas. Não vai ofender os seus adversários. Tenciona agregar os militantes, e que a altura para tal chegou. Por isso, quer que todas as secções sejam mais activas, vivas. Que as forças políticas que representam o PSD sigam um caminho onde outros também queiram percorrer, com valores, princípios e respeito democrático. Se não nos respeitarmos, quem é que nos vai respeitar?

Quer um PSD vivo e saudável no distrito de Lisboa. Pretende unir e respeitar o maior património do PSD, os seus militantes. E que quer virar a página à forma de como a política é vista, sempre de uma forma negativa. Numa reflexão sobre o pelouro de urbanismo de Cascais, sob a sua responsabilidade, afirma que “Na maior parte das vezes, ser político não dá currículo … dá cadastro!” Imagino o que se passa por Cascais.

Pretende ir buscar os Homens bons do concelho, para que representem com dignidade o PSD. Quer tornar um verdadeiro acto de cidadania o facto de uma pessoa militar num partido. Pede que se debata verdadeira política, e não boatos, mentiras, insinuações. Quer ajudar os homens e mulheres que deram a cara pelo PSD, em autarquias, assembleias, em municípios, em freguesias, e que – nas palavras dele – não foram devidamente apoiados.

Quer ter os futuros autarcas bem preparados e que sejam capazes de prestar um bom serviço aos seus concidadãos. Quer quantidade - número de autarcas eleitos - e qualidade - para aguentar o barco e não deixar que casos como o de Lisboa aconteçam outra vez. Não quer autarcas pára-quedistas. Eu também gostaria que os deputados também não o fossem. Mas acho isso impossível de acontecer.

Quer tornar realidade um sonho, o de tornar o distrito de Lisboa como o mais competitivo da Península Ibérica. Com projectos, com boas estratégias de desenvolvimento. Quer ganhar, mas com um propósito, para que se saiba porque é que o PSD quer governar.

A organização esmerou-se. Carreiras bebe um copo de água. Este não está vazio. Já lá vai meia-hora e os presentes já mostram sinais de cansaço.

Foca a sua candidatura em 4 eixos de desenvolvimento para o distrito de Lisboa. Melhor coesão social. Mais sustentabilidade ambiental. Maior mobilidade e transportes. Sistema de Governo em democracia participada, onde os seus eleitos (autarcas, deputados) têm uma relação mais próxima com os seus cidadãos.

Acusa o PS de grande insensibilidade social, e que o PSD deve ser justamente o contrário. Afirma que a sua palavra, e de cada um de nós, deve ser o nosso atributo mais valioso.

Acima disto tudo, gostei mais de ouvir isto: “Passou o tempo do PSD de seguir a voz do dono. Todos são chamados a participar na vida do partido.” E termina, felizmente, pelas 22:35, afirmando que é só mais um militante como os outros, do que outra coisa qualquer. A sala vibra!

Posso, com toda a certeza, afirmar isto: Nessa hora que passou, Carlos Carreiras contribuiu mais pela auto-estima e prestígio interno do PSD do que os últimos dois anos de Helena Lopes da Costa como deputada na bancada parlamentar. Dá que pensar!

6 comentários:

Anónimo disse...

" e acima de tudo um profissional, sem necessidade de viver da política"

Gostei MESMO do texto todo mas isto é mentira. O Carreiras foi Dir. Financeiro do Sousa Cintra, o que nao abona muito em favor dele porque estava na equipa quando da barraca do SAP, na fabrica que fica ali ao lado da A1.
Depois disso NUNCA mais trabalhou, por isso PRECISA MESMO da POLITICA, porque senao está desempregado! Aliás ele estava Desempregado até ter ido para nº2 da Camara de Cascais.......

Anónimo disse...

Enfim, foi profissional nas águas e nas cervejas do Cintra, e quando aquilo foi por água abaixo quem lhe deitou a bóia salvadora foi Capucho na Câmara de Cascais. Tem muita ambição e como qualquer um dos nossos politicos coloca essas ambições à frente do que quer que seja. Entre uma e outro que venha o diabo e escolha.

E disse...

Estejam descansados que não me vou pôr a dizer mal da Helena Lopes da Costa. Se querem dizer mal do Carreiras, estejam à vontade. Se quiserem discutir o programa político das candidaturas, contem comigo. Se querem discutir o porquê de haver este ou o outro na lista de um ou de outro, não. Penso que o assunto "Distrital Lisboa" merece mais do que o típico comportamento de bota-abaixo que o PSD têm vivido nos últimos tempos.

Anónimo disse...

(sou o anonimo do 1º comentario)
So agora tive tempoo de voltar a este post.
Acho que o Carreiras é 1000 vezes melhor que a HLC, e que tem no seu programa ideias muito importantes e que eu acho que se forem colocadas em pratica vao fazer muito bem ao PSD de Lisboa.
Mas tb acho que nao vale a pena fazer do homem um Deus, quando por exemplo pactuou com a eleições fraudulentas na JSD de Cascais há mais de 3 anos e agora, para tentar ver se a facção prejudicada nao lhe fazia a folha como fez há 2 anos (onde so para teres uma ideia o Carreiras teve menos votos do que a Lista da JSD que tinha ganho 3 meses antes, tendo a Paula tido quase tantos votos como ele), tratou de reunir com eles, para tentarem colocar uma pedra no assunto, para os acalmar e eventualmente prometer um ou outro lugar elegivel....

Nao voto nele, porque nao sou militante, mas se pudesse votava.

ps: Em relação ao programa dele gosto especialmente dos pontos 3 -Formação, 6 - SIM

E disse...

Na actual situação, dou mais crédito (e confiança) ao Carreiras que à "etacombe" da Helena. Há outras coisas que se passaram nesse episódio em Cascais e que não quiseste referir. Tenta lá "abordar essa questão" pondo-te no lugar do Carreiras. O que é que farias no lugar dele?

E disse...

Pontos 3 - A formação dos jovens têm sido reforçada com a Universidade de Verão, epíteto máximo na formação política da JSD. Falta dar um passo mais abrangente que atinja outros militantes. Penso que a grande maioria dos militantes não sabe o que é a social-democracia, e entraram no partido a convite de amigos. O facto de ser um partido interclassista e constituído por gente que veio do MRPP ao CDS, esbate as fronteiras ideológicas e torna difícil discutir-se a ideologia, ficando-se todos por uma atitude pragmática e de "reforma-se porque sim e porque não há mais nada a fazer".

Ponto 6 - Quanto ao SIM, já me dou por contente em eles copiarem - sim, COPIAREM - o sistema de informações que a distrital do PSD de Santarém montou à alguns anos e que informa pela internet o que se está a passar em cada município e o que é que o PSD anda a fazer no distrito, indo até ao que os seus deputados fazem na A.R. Lisboa está muito atrasada na integração de informações a nível metropolitano.

Uma coisa positiva no programa de Carreiras é que ele coloca prazos na realização das suas iniciativas. A Helena nem têm programa.