Do artigo do Expresso: "Ordem para Digitalizar", pergunto-me a mim se isto teria sido possível na América. Se tal acontecesse na terra do "Tio Sam", estaríamos a ver logo pela manhã na televisão o Paulo Portas, vestido com um fato-macaco laranja, com um número impresso nas costas, ladeado por dois agentes do F.B.I., a entrar para uma carrinha de transporte de prisioneiros para uma penitenciária no Estado da Virginia.
Mas como estamos num país de brandos costumes, aceitamos com alguma naturalidade que Paulo Portas escreva 24 documentos (?) à mão por dia durante 2 a 3 anos, que digitalizem estes e outros documentos, que Paulo Portas mantenha o cargo de deputado para manter a imunidade de actos praticados no exercício das suas funções, que se veja envolvido em escutas do processo Portucale a referir que o financiamento para pagar a factura virá da campanha do partido, e que sobre o processo, é preferível falar particularmente. Tudo normal, num país de brandos costumes.
Quando se alcança o cargo de ministro do Estado, é lógico que Paulo Portas tenha querido recolher material de trabalho para um livro futuro com as suas memórias. E também para manter a informação que teve acesso em casos como o negócio dos Submarinos. É óbvio que quem têm informação, têm poder. E Paulo Portas, anterior jornalista e director do semanário Independente, sabe isso melhor que ninguém.
Para se digitalizar os documentos (cerca de 62 mil páginas), esta operação foi feita à noite, num Sábado, para maior liberdade de movimentos dos empregados. Cada pessoa que teve acesso ao piso 6 deveria ter sido identificado. Se não o foi, é uma falha de segurança. Depois admiram-se de se encontrarem equipamentos de escuta nas salas de altos funcionários do Estado e não sabem quem foi.
Em seguida, as matérias abordadas teriam informações de natureza confidencial, sobre negócios do Estado. Recibos, acordos, protocolos, cópias de fax, nº de telefones, actas de conversas nos gabinetes. Não entendo porque é que as pessoas contratadas para manusear este tipo de informações (digitalizadas para suporte informático, portanto fáceis de copiar ou de enviar pela Internet) não foram credenciadas. O GNS, logo no 8º piso, devia ter sido chamado a intervir. Como era uma iniciativa do próprio Ministro, deve ter pensado que era melhor não ter nada a haver com isso. Demitiu-se das suas responsabilidades.
Depois, a desculpa de Paulo Portas de que os documentos tinham informações sobre o partido põe a nu uma triste realidade. Existe promiscuidade no desempenho de um cargo de ministro e cargos partidários. Porque é que essas notas com informações do CDS não foram digitalizadas na sede do Partido? Porque é que estavam no gabinete do Ministro da Defesa Nacional? Tal facto, por si, revela até onde se pode chegar.
Acesso sem regras a documentos com matérias classificadas, tráfico de influências, acordos secretos, financiamento do partido por instituições financeiras off-shores , atribuição de cargos em empresas públicas do sector financeiro a altas individualidades ligadas ao CDS, sem critérios de competência ou mérito.
Utilização do know-how-and-who, recolhidas durante o exercício do cargo governamental, em acções de consultoria, fazendo-se pagar por bom preço, mesmo que seja um incompetente como o Pedro Santana Lopes, que ainda não percebi que raio anda a fazer no gabinete jurídico da EDP e que disse numa entrevista em público que iria trabalhar como "consultor" para empresas que tivessem negócios com o Estado.
Mas estamos num país de brandos costumes e toda a gente acha isto normal. Eu não!
A política em Portugal está cheia deste tipo de gente. Ninguém me pode garantir, depois do que se sabe, se Paulo Portas não passou os dados em suporte informático a alguém que esteja interessado em saber informações sobre determinados negócios da Defesa.
Toda esta história cheira-me muito mal, e, como já disse anteriormente, devido à permissibilidade que grassa dentro do Estado, estas coisas acontecem e vão voltar a acontecer. Andamos todos a brincar com coisas sérias, desejosos de levar "troféus" para casa, com matérias classificadas que até podem ser documentos pessoais com detalhes que podem prejudicar os interesse do Estado Português.
Ninguém verificou se os documentos que sairam do MDN em formato digital (cerca de 62 mil documentos dá muito trabalho de ver e aprovar) tinham ou não informação que fosse "perigosa" se posta a circular no domínio público ou em circuitos não-autorizados.
Reina o facilitismo e o medo de afrontar o poder político, reagindo este quando ameaçado com estratégias de vitimização, perseguição política e restrição de liberdades "fundamentais" - entenda-se, a liberdade de enriquecer facilmente pelo facto de ter desempenhado cargos políticos. Até quando?
Até quando?
Referências:
1 - Expresso - Ordem para digitalizar
Mas como estamos num país de brandos costumes, aceitamos com alguma naturalidade que Paulo Portas escreva 24 documentos (?) à mão por dia durante 2 a 3 anos, que digitalizem estes e outros documentos, que Paulo Portas mantenha o cargo de deputado para manter a imunidade de actos praticados no exercício das suas funções, que se veja envolvido em escutas do processo Portucale a referir que o financiamento para pagar a factura virá da campanha do partido, e que sobre o processo, é preferível falar particularmente. Tudo normal, num país de brandos costumes.
Quando se alcança o cargo de ministro do Estado, é lógico que Paulo Portas tenha querido recolher material de trabalho para um livro futuro com as suas memórias. E também para manter a informação que teve acesso em casos como o negócio dos Submarinos. É óbvio que quem têm informação, têm poder. E Paulo Portas, anterior jornalista e director do semanário Independente, sabe isso melhor que ninguém.
Para se digitalizar os documentos (cerca de 62 mil páginas), esta operação foi feita à noite, num Sábado, para maior liberdade de movimentos dos empregados. Cada pessoa que teve acesso ao piso 6 deveria ter sido identificado. Se não o foi, é uma falha de segurança. Depois admiram-se de se encontrarem equipamentos de escuta nas salas de altos funcionários do Estado e não sabem quem foi.
Em seguida, as matérias abordadas teriam informações de natureza confidencial, sobre negócios do Estado. Recibos, acordos, protocolos, cópias de fax, nº de telefones, actas de conversas nos gabinetes. Não entendo porque é que as pessoas contratadas para manusear este tipo de informações (digitalizadas para suporte informático, portanto fáceis de copiar ou de enviar pela Internet) não foram credenciadas. O GNS, logo no 8º piso, devia ter sido chamado a intervir. Como era uma iniciativa do próprio Ministro, deve ter pensado que era melhor não ter nada a haver com isso. Demitiu-se das suas responsabilidades.
Depois, a desculpa de Paulo Portas de que os documentos tinham informações sobre o partido põe a nu uma triste realidade. Existe promiscuidade no desempenho de um cargo de ministro e cargos partidários. Porque é que essas notas com informações do CDS não foram digitalizadas na sede do Partido? Porque é que estavam no gabinete do Ministro da Defesa Nacional? Tal facto, por si, revela até onde se pode chegar.
Acesso sem regras a documentos com matérias classificadas, tráfico de influências, acordos secretos, financiamento do partido por instituições financeiras off-shores , atribuição de cargos em empresas públicas do sector financeiro a altas individualidades ligadas ao CDS, sem critérios de competência ou mérito.
Utilização do know-how-and-who, recolhidas durante o exercício do cargo governamental, em acções de consultoria, fazendo-se pagar por bom preço, mesmo que seja um incompetente como o Pedro Santana Lopes, que ainda não percebi que raio anda a fazer no gabinete jurídico da EDP e que disse numa entrevista em público que iria trabalhar como "consultor" para empresas que tivessem negócios com o Estado.
Mas estamos num país de brandos costumes e toda a gente acha isto normal. Eu não!
A política em Portugal está cheia deste tipo de gente. Ninguém me pode garantir, depois do que se sabe, se Paulo Portas não passou os dados em suporte informático a alguém que esteja interessado em saber informações sobre determinados negócios da Defesa.
Toda esta história cheira-me muito mal, e, como já disse anteriormente, devido à permissibilidade que grassa dentro do Estado, estas coisas acontecem e vão voltar a acontecer. Andamos todos a brincar com coisas sérias, desejosos de levar "troféus" para casa, com matérias classificadas que até podem ser documentos pessoais com detalhes que podem prejudicar os interesse do Estado Português.
Ninguém verificou se os documentos que sairam do MDN em formato digital (cerca de 62 mil documentos dá muito trabalho de ver e aprovar) tinham ou não informação que fosse "perigosa" se posta a circular no domínio público ou em circuitos não-autorizados.
Reina o facilitismo e o medo de afrontar o poder político, reagindo este quando ameaçado com estratégias de vitimização, perseguição política e restrição de liberdades "fundamentais" - entenda-se, a liberdade de enriquecer facilmente pelo facto de ter desempenhado cargos políticos. Até quando?
Até quando?
Referências:
1 - Expresso - Ordem para digitalizar