2006-09-18

O valor da Educação

Depois de ler o artigo sobre a educação na Finlândia no DN de Domingo, não posso deixar de pensar: Porra, pá, como é que chegamos a isto?

Estando eu na última fase de educação superior, fico atónito quando reparo nos novos alunos que ingressam neste sistema. Fraquinhos. Há excepções. Os melhores são sempre excepções. Mesmo quando o sistema é mau, conseguem desenrascar-se. Ou tiveram sorte.

Houve uma brutal diminuição no número de ingressos na minha área. Tecnológica por excelência. A Matemática e a Física continuam a ser os "handicaps" naturais. E ainda por cima, aquelas disciplinas que caracterizam melhor a capacidade de raciocinar, de forma independente. É uma tristeza. Este país, assim, não vai lá.

Os próximos 10 anos em termos de formação académica estarão irremediavelmente afectados pela turbulência de reformas efectuadas nos últimos 30 anos. Nunca houve uma estabilização do sistema. Cada governo, nova reforma educativa. Ponham os olhos na Finlândia. Não os tirem de lá. Se podem ver, vejam. Vejam e reflictam. Reflictam e façam o que têm a fazer.

Um sistema educativo adaptado às suas comunidades, com alto valor de inserção social. O problema aqui não são os professores. Nem a sua carreira. O problema é sistémico. Não há envolvimento local. Está tudo centralizado. É claro que a definição de políticas passa por aí, mas a execução de estratégias regionais de educação bem que pode mudar o paradigma actual.

Quase todas as vias de educação são para cursos de âmbito geral. A aposta actual em cursos de formação em escolas secundárias peca por tardia. Num país em que todos querem ser doutores e engenheiros, qual é o espaço para uma escola profissional? O problema é mesmo este, a nossa escola não é profissional. Tornou-se um mero lugar de formação cívica mínima, de tempos livres.

O valor da educação é incalculável para a afirmação de Portugal. Sem um forte investimento, contínuo, persistente e planeado, não teremos progresso.

2 comentários:

António Jorge Lopes disse...

Concordo em absoluto.

Cada ministro tem a mania (das grandezas) de fazer a "Reforma da Educação", pelo que ano após ano, ministro após ministro, governo após governo, são aprovadas leis que alteram as anteriores, que por sua vez são revogadas para dar origem a novas, as quais são alteradas para...

O que mais lamento é que o meu partido - PSD - tenha sido responsável pela escolha da maioria dos ministros da Educação que tivemos.

E que, hoje, um assunto como a Educação não seja devidamente discutido dentro do PSD, como sucedeu há muitos anos. No dia em que voltar a existir debate sobre a Educação, talvez voltemos a ter uma Política de Educação, a qual deverá servir de base aos n/ futuros ministros, sem necessidade de estarem sempre a alterar o que foi feito pelo antecessor.

Abraço

E disse...

Obrigado.

Reparei que o PSD/Azambuja têm um blog. Acho isso uma ideia excelente, uma boa maneira de mostrar o funcionamento interno e as pessoas envolvidas no PSD Local. Espero que por aqui em Oeiras e em Algés - duas secções para um concelho - eles adoptem este novo media-trend.

Um abraço.