2006-09-29

Social Democracia 2, parte III

Info-Politics

A informação é vital neste século, e começa a tornar-se a principal preocupação de um governo - e oposição também. O que dizer às massas, como dizê-lo.

Info-Politics torna o cidadão mais envolvido e conhecedor do processo de governação. Torna-o crítico e também participante, graças à Web de segunda geração.

Por exemplo, a possibilidade dos militantes participarem na revisão programática do PSD. Ter voz e ser reconhecido, é o que toda a gente ambiciona. O elo de ligação com o partido torna-se assim mais forte com os seus militantes.

Eu entendo que a utilização da técnica não substitui a própria política, mas esta ganha, ao inovar a maneira como a faz. E o PSD faz muito bem em usar a Internet, como meio de extensão do seu canal de comunicação. Certo é, que as Secções Virtuais estão ao virar da esquina.


O Papel da Ética na Política

O papel da ética está intimamente ligado à sustentabilidade sistémica. Isto quer dizer que uma decisão ética têm como vista, não a obtenção de objectivos imediatos, tácitos, mas com a implementação de um sistema alargado que apoie as suas actividades - partidárias neste caso - a longo prazo. Essas actividades podem ser empresariais, económicas ou mais concretamente, políticas.

Num mundo em transição da dicotomia
esquerda-versus-direita, para uma de bem-e-mal, a moral passa a ser um actor fundamental. Não é raro termos os respectivos agentes políticos usarem termos como "legitimidade", "verdade" ou "razão". É até mesmo utilizado para justificar as suas decisões políticas. O que enfurece uma camada-base da população, habituada aos processos de decisão local sem ingerência.

Enfurece-a porque deslocaliza o centro da discussão de um cariz local para um nível superior. É difícil aceitar uma decisão desse tipo quando se
sacrifica o interesse local pelo interesse estratégico do partido. Ninguém gosta de perder influência e poder de decisão.

Isto coloca o partido em frente de um novo paradigma. Não é bem novo, já existe à cerca de 2500 anos na China, tendo o seu apogeu em tratados militares - cito Sun Tzu - muito citados actualmente, mas não entendidos e postos em prática. Tudo é relativo. Não há nada concreto, separável, o que vai contra a nossa mentalidade
cartesiana. Ou seja, o que se passa ao lado, passa a dizer-nos respeito também .

É por isso que a Ética, bandeira da credibilidade, é um problema e um desafio para o partido. Ela não nasce, nem se compra. Forma-se e torna-se visível, de dentro para fora, e todos são parte integrante do processo.


O Partido como comunidade vertical

É um bocado radical aproximar uma organização partidária a uma empresa. Contudo, ambas têm colaboradores, têm objectivos, doutrina ou praxis, e como uma organização normal e saudável, respiram. Mudam de líderes, mudam de dimensão, mudam de políticas.

Mas têm propósitos diferentes. O partido serve de fonte para a governação do país. Uma empresa pretende a sua afirmação no mercado e a sobrevivência a longo prazo. Ou seja, uma empresa têm que se tornar sustentável. Não busca o lucro fácil, já que isso a pode levar por caminhos tortuosos e até mesmo criminosos.

O partido, se assentar em ideias fracas e difusas, não conseguirá progredir. Passar para uma orgânica vertical, especializada, é um must se se quiser afirmar de novo na sociedade portuguesa. A sua mensagem e ideias devem ser claras, de maneira a que as pessoas se possam identificar nelas.

Tornar-se atractivo para a nova geração de cidadãos e de políticos é, na minha opinião, muito importante para a sustentabilidade do partido e da social-democracia em Portugal.

PostScriptum
Parabéns ao Eng. Mira Amaral por se ter contido no Prós e Contras. Foi obra!

6 comentários:

Anónimo disse...

O papel da ética está intimamente ligado à sustentabilidade sistémica. Isto quer dizer que uma decisão ética têm como vista, não a obtenção de objectivos imediatos, tácitos, mas com a implementação de um sistema alargado que apoie as suas actividades - partidárias neste caso - a longo prazo.
IMPORTA-SE DE REPETIR?!!
-IMPORTA-SE DE EXPLICAR!!!???

E disse...

Claro que sim. Sustentabilidade sistémica ou oportunidade local? É esta a questão que debato.

Imagine que voçê toma uma decisão, e essa decisão é má para si ou para a sua organização a curto prazo. Ou seja, não ganha no imediato. Prefere não "agarrar a oportunidade". O que terá a ganhar com isso? Só um "louco" aceitaria perder, propositadamente...

Excepto se a longo prazo, vier a ganhar com essa decisão, porque os benefícios a longo prazo são maiores que os ganhos a curto prazo. Isto é preocupar-se com a sustentabilidade de um sistema. Neste caso, o sistema é o partido. E também é uma decisão estratégica.

Implementar um sistema alargado é ter como objectivo criar uma base ampla que sustente a sua actividade. Ou seja, fazer crescer o partido e torná-lo mais forte, mais resistente.

Onde entra a ética?

A ética define as "regras de coabitação" em sociedade. "Preocupa-se" com a justiça social. Serve para evitar situações em que todos acabam por perder no fim. Imagine que quase toda a gente explora as restantes pessoas - enfim, não estamos longe dessa realidade - porque não querem "produzir", só querem "consumir". No fim, haverá alimento - sustento - para toda a gente?

A ética acaba por ser o "cimento" que une as pessoas de uma organização, partido ou sociedade (em abstracto).

Por exemplo, se estiver no regime do SNS, acha justo ter que contribuir também para o regime de saúde de ADSE dos funcionários públicos? Só se voçê fôr da função pública... e ao que parece, a ADSE vai acabar.

Anónimo disse...

-Continuo sem perceber o uso da ética (é disso que se trata aqui...usar!!) que aqui se sugeriu...

Recorde-se a essência do conceito...
O que é a Ética?
(Não é Lógica, nem Epistemologia, nem Metafísica, nem Filosofia da Religião)
É uma disciplina da Filosofia;
- Via imperial da Sabedoria (Aristóteles)
- Ciência da Liberdade (Kant)
É o estudo dos argumentos e teorias sobre que acções estão certas (ou erradas), e que critérios de entendimento são bons (ou maus…)
Ora, para que serve a Ética?
• Para responder a questões sobre o que é moralmente correcto, errado, bom...
• Tem a função de promover valores comuns aos membros da sociedade;
No entanto, ainda não conhecemos nem todas as respostas, nem todas as perguntas...

Assim sendo, são pressupostos para estudo da Ética:
• Somos seres racionais, capazes de entender o mundo;
• Podemos agir na base do que entendemos;
• As nossas acções podem cumprir um objectivo.

E disse...

Num mundo perfeito, o conceito de Ética não existe.

Como é que a ética é usada na política? Para promover/reprovar as boas/más práticas dos políticos, aumentando a confiança da sociedade, através de Comissões de Ética, dentro dos partidos, e na Assembleia da República. Estas são "entidades reguladoras", muitas vezes juridiscionais ou fiscalizadoras. A sua preocupação é de que os actos políticos sejam "bem feitos". Portanto, a Ética na política têm como objecto as funções desempenhadas pelos actores políticos.

Para que serve? Voçê já respondeu.

Anónimo disse...

Apenas não me parece -sem querer generalizar, que os partidos andam muito longe de se mostrarem espaços onde a Ética se respire...a ética não se 'sugere' como regra de convivência (de fora para dentro), outrossim é claro processo individual. O carreirismo de estar com quem (agora) manda, pisando quem quer que seja, tem tudo menos causas...

E disse...

Sim, concordo. Falta bom-senso e "pudor". É necessário uma grande dose de introspecção, sem deixar de olhar para o que nos rodeia.

Cumps