No Sábado passado, fui convidado a ir à apresentação da candidatura de Bruno Vitorino. Como não tinha mais nada para fazer, lá fui eu até Setúbal. A apresentação começou pelas 16:45, no Novotel, logo à saída da Autoestrada. Estiveram presentes militantes de todas as Secções, incluindo Montijo e Setúbal. Durou até às 18:00.
O mandatário é Miguel Frasquilho, que não vira a cara ao Bruno e à sua equipa e mantém-se presente, ao serviço do PSD e do distrito de Setúbal - foi eleito pelo círculo de Setúbal e têm participado em várias iniciativas da C.P.D.Setúbal.
Estas eleições são determinantes, convocadas pela própria C.P.D.Setúbal, porque legitimam o mandato desta comissão por mais dois anos, e "afogam" as críticas que o actual presidente têm recebido, especialmente das Secções de Montijo e Setúbal.
São as tais intrigas ou "tricas" partidárias, andam sempre a guerrear-se uns com os outros, à procura de uma oportunidade para alcançar mais poder de influência dentro do partido. Pois então, aqui vai um olhar crítico sobre esta natureza comum a todos os partidos...
Este poder de decisão, numa distrital, reflecte-se de uma maior importância nesta altura, quando há três eleições que caem dentro do mandato da distrital. Isto quer dizer que os protagonistas na escolha de deputados pelo círculo de Setúbal, será a C.P.D.Setúbal e em parte, a C.P.Nacional. É assim que são as coisas.
O seu adversário, Luís Rodrigues, anterior presidente da Distrital e presentemente deputado no Grupo Parlamentar, embora fosse parte da lista que elegeu Bruno Vitorino à cerca de 1 ano e 3 meses, viu agora a oportunidade de voltar a ser presidente da Distrital de Setúbal e avançou, "agarrando" Fernando Negrão, actual vereador na C.M.Lisboa, um cargo com mais prestígio que o anterior e que saiu da C.M.Setúbal, cheia de dívidas.
Ou seja, as "elites" - entenda-se anteriores militantes que exerceram cargos políticos relevantes pelo PSD - estão, grosso modo, contra Bruno Vitorino. Têm "medo" dele - entenda-se receio de perderem o cargo de deputado na Assembleia da República. E isso significaria uma longa travessia no "deserto".
O Grupo Parlamentar "marginalizou" Luís Rodrigues nos últimos tempos, por ter metido a "pata na poça" no referente ao dossier Novo Aeroporto de Lisboa. Vendo a sua progressão na A.R. em risco, pensou melhor e resolveu voltar às lides partidárias, não discutindo política e ideias, mas apresentando-se, pronto para a liça, e "quem quiser que o compre". Esta atitude não faz o meu gosto.
Luís Rodrigues está-se a candidatar, não porque Bruno Vitorino tenha feito um "mau trabalho" à frente da C.P.Distrital Setúbal, mas porque quer manter o "status quo" dentro do PSD. Curiosamente, com a "ajuda" de Secções de Montijo e Setúbal, esta última a passar por um mau bocado.
Dentro da Secção de Setúbal, o actual presidente da Secção, Paulo Valdez, está em risco de perder a presidência e a vereação da C.M.Setúbal - como foi eleito há dois anos presidente da comissão política de secção de Setúbal, teve logo "direito" a cargo de vereador assegurado na lista para a Câmara Municipal. Foi condenado recentemente num processo-crime e a própria Secção debate-se com lutas internas.
A aposta destas "elites" em Luís Rodrigues reveste-se de uma singular natureza, típica dentro do PSD. Eu chamo-lhe a guerra da sucessão. A substituição dos mais velhos e experientes, por uma geração mais nova, oriunda também da JSD, e que têm percorrido um caminho mais ou menos profissional, com um pé dentro da política e outro fora.
Ou seja, não desempenham cargos políticos a tempo inteiro. Pode-se classificar a lista de Bruno Vitorino como deste tipo, cheia de malta jovem, embora tenham outras pessoas mais veteranas, para a lista da mesa de assembleia distrital, e para delegados da assembleia.
Da impressão que fiquei, grande parte das secções do Distrito de Setúbal, pelo menos as mais numerosas e com mais votos, a do Barreiro e a de Almada, vão apoiar Bruno Vitorino. À partida, a sua re-eleição está assegurada.
Adenda:
Não sabia que o Pedro Afonso Paulo, vice do Carreiras, era engenheiro...
Ao menos isso, que de advogados e senhores doutores está o PSD cheio!