2007-04-14

Opção Nuclear 2

A partir do fórum do PSD que aborda o programa do partido, realço este comentário do Joaquim Carneiro:

"A energia eléctrica é muito cara. Comparando em termos de equivalência energética com o petróleo, em Portugal o equivalente eléctrico de um barril de petróleo custa 200€. Sabendo que a potência eléctrica média consumida em Portugal é cerca de 4500 MW, seria viável ter hoje a funcionar um conjunto de três reactores nucleares de 1300 MW cada. Em média, a construção de um reactor nuclear com potência instalada de 1300 MW resulta num custo total anual de 275 M€, considerando a sua amortização em 40 anos. Dividindo o custo total por oito mil horas de laboração anual a 1300 MW de potência eléctrica, obtém-se um custo médio de 2,65 cêntimos por kWh de electricidade produzida pela via nuclear (isto é, apenas 40% do custo actual). Como cerca de 1/3 da energia consumida pelos portugueses é de natureza eléctrica, então a energia nuclear poderia fornecer 25% do consumo total da energia.

Além dos aspectos positivos sobre a utilização da energia nuclear que foram referidos anteriormente, diria ainda que a opção nuclear contribuiria também para a criação de condições favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento de empresas satélites modernas, com elevada componente tecnológica e dotadas de recursos humanos eficientes e altamente qualificados. Contudo não há bela sem senão. A opção nuclear, como todas as opções, tem uma parte positiva e uma parte negativa. Aspectos relacionados com o risco e as consequências de acidente, o armazenamento dos resíduos radioactivos e o perigo de atentados terroristas representam a componente negativa da opção nuclear. "


Se o país quiser aderir ao mundo da energia nuclear, aderindo às boas práticas dos outros países europeus, terá que se comprometer com esta opção em pelo menos meio século. O custo de produção é muito mais barato que a energia eólica, cara e inconstante, embora esta não tenha associado o problema de resíduos radioactivos.

Central Nuclear PG&E "Diablo Canyon".

Esta opção, a nuclear, não é possível de ser implementada rapidamente. Num seminário a que assisti, promovido pela EDP, um cenário hipotético de instalação de uma central nuclear em Portugal seria, à partida, dificultado pela falta de pessoal técnico habilitado e falta de infraestruturas para a construção, operação e armazenamento de resíduos radioactivos. Isto se o Governo o permitir. O que torna esta questão política.

Sala de Simulação e Treino da equipa de controlo da central nuclear.

Esta opção teria que receber o consentimento de pelo menos dos dois maiores partidos políticos. Como se trata de uma obra de importância pública - embora possa ser construída e operada por privados - o "espectro do nuclear" torna o tema da energia nuclear quase como se fosse um assunto tabu. É claro que a DGGE não se quer meter nisto. Nem o MEI. Nem este governo, pelo menos nesta legislatura.

Turbina da Central Nuclear para produção de energia eléctrica.

No futuro, com os aumentos da tarifa de energia eléctrica, esta questão terá que ser abordada. Mas como nos últimos tempos tenho assistido a autênticas "telenovelas políticas", onde pessoal não-técnico mete-se em assuntos técnicos sem a devida preparação e a deputados que intitulam ministros de mentirosos, e ministros a chamarem aos deputados de estúpidos, não me parece que seja assim tão cedo.

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