"A energia eléctrica é muito cara. Comparando em termos de equivalência energética com o petróleo, em Portugal o equivalente eléctrico de um barril de petróleo custa 200€. Sabendo que a potência eléctrica média consumida em Portugal é cerca de 4500 MW, seria viável ter hoje a funcionar um conjunto de três reactores nucleares de 1300 MW cada. Em média, a construção de um reactor nuclear com potência instalada de 1300 MW resulta num custo total anual de 275 M€, considerando a sua amortização em 40 anos. Dividindo o custo total por oito mil horas de laboração anual a 1300 MW de potência eléctrica, obtém-se um custo médio de 2,65 cêntimos por kWh de electricidade produzida pela via nuclear (isto é, apenas 40% do custo actual). Como cerca de 1/3 da energia consumida pelos portugueses é de natureza eléctrica, então a energia nuclear poderia fornecer 25% do consumo total da energia.
Além dos aspectos positivos sobre a utilização da energia nuclear que foram referidos anteriormente, diria ainda que a opção nuclear contribuiria também para a criação de condições favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento de empresas satélites modernas, com elevada componente tecnológica e dotadas de recursos humanos eficientes e altamente qualificados. Contudo não há bela sem senão. A opção nuclear, como todas as opções, tem uma parte positiva e uma parte negativa. Aspectos relacionados com o risco e as consequências de acidente, o armazenamento dos resíduos radioactivos e o perigo de atentados terroristas representam a componente negativa da opção nuclear. "
Se o país quiser aderir ao mundo da energia nuclear, aderindo às boas práticas dos outros países europeus, terá que se comprometer com esta opção em pelo menos meio século. O custo de produção é muito mais barato que a energia eólica, cara e inconstante, embora esta não tenha associado o problema de resíduos radioactivos.
Esta opção, a nuclear, não é possível de ser implementada rapidamente. Num seminário a que assisti, promovido pela EDP, um cenário hipotético de instalação de uma central nuclear em Portugal seria, à partida, dificultado pela falta de pessoal técnico habilitado e falta de infraestruturas para a construção, operação e armazenamento de resíduos radioactivos. Isto se o Governo o permitir. O que torna esta questão política.
Esta opção teria que receber o consentimento de pelo menos dos dois maiores partidos políticos. Como se trata de uma obra de importância pública - embora possa ser construída e operada por privados - o "espectro do nuclear" torna o tema da energia nuclear quase como se fosse um assunto tabu. É claro que a DGGE não se quer meter nisto. Nem o MEI. Nem este governo, pelo menos nesta legislatura.
No futuro, com os aumentos da tarifa de energia eléctrica, esta questão terá que ser abordada. Mas como nos últimos tempos tenho assistido a autênticas "telenovelas políticas", onde pessoal não-técnico mete-se em assuntos técnicos sem a devida preparação e a deputados que intitulam ministros de mentirosos, e ministros a chamarem aos deputados de estúpidos, não me parece que seja assim tão cedo.
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