Há coisas que se vêem a saber com o tempo.
Devo-vos dizer que o que se passa num partido têm muito pouco a haver com política. O partido é um meio para chegar a um certo fim, e quanto mais lucrativo ele fôr, melhor. Aqueles que enveredam, cedo ou tarde, dentro de um partido, por mais boas que sejam as suas intenções, descobrem que não há volta a dar e mais tarde ou mais cedo terão que se comprometer com os seus ideais e princípios para estar em cima e no topo.
Eu provavelmente nunca chegarei a lado nenhum dentro do partido porque não sou capaz de abdicar dos meus. Têm a ver com os ensinamentos de ética e moral militar que aprendi e ainda transmito a alunos e colegas meus. Há coisas que não se aprendem na vida civil, e ter espírito de sacrifício e liderança são algumas delas.
O preço a pagar é de facto elevado. A vontade de querer contribuir com o aumento de transparência e equipariedade dentro de um partido é completamente anulada quando se toma conhecimento de que pessoas, militantes dentro do mesmo partido e que supostamente defendem a democracia e respeito pela liberdade de expressão, tomam atitudes pouco éticas e imorais, contribuindo para o aprofundar da fractura nas instituições que deviam governar.
Não há mandamentos para este tipo de pessoas. Fazem o que querem, quando querem, desde que se possam safar ou ter cobertura interna - leia-se votos - dentro de um partido. A impunidade reina. Claro, têm que reinar até que o céu caia em cima das nossas cabeças e tenhamos que passar por um processo de contemplação e recuperação.
E o que mais me chateia é que este tipo de pessoas continuam a valer os tais votos e a manter, como tal, influência e capacidade de decisão partidária. Nunca há um reset completo da máquina partidária. Caras novas não abundam ou se aparecem, são claramente assimiladas pelos grupos dominantes. Poder ter obra feita, mesmo que tenha tido um arranque inglório dentro do partido como Rui Rio o teve, e se quiser ir mais longe, ter que aturar alfinetadas de pessoas que dizem que "tu vê lá, se fores capaz de aguentares o barco mais um mandato, vais ter o partido aos teus pés. Mas para lá chegares, têns que ter muito cuidadinho com quem vais almoçar" é-me intolerável.
Não há almoços grátis na política. Nunca os houve e pensar que um dia a boa-vontade e a justiça reinará na governação dos nossos filhos e netos é pura utopia.
Devo-vos dizer que o que se passa num partido têm muito pouco a haver com política. O partido é um meio para chegar a um certo fim, e quanto mais lucrativo ele fôr, melhor. Aqueles que enveredam, cedo ou tarde, dentro de um partido, por mais boas que sejam as suas intenções, descobrem que não há volta a dar e mais tarde ou mais cedo terão que se comprometer com os seus ideais e princípios para estar em cima e no topo.
Eu provavelmente nunca chegarei a lado nenhum dentro do partido porque não sou capaz de abdicar dos meus. Têm a ver com os ensinamentos de ética e moral militar que aprendi e ainda transmito a alunos e colegas meus. Há coisas que não se aprendem na vida civil, e ter espírito de sacrifício e liderança são algumas delas.
O preço a pagar é de facto elevado. A vontade de querer contribuir com o aumento de transparência e equipariedade dentro de um partido é completamente anulada quando se toma conhecimento de que pessoas, militantes dentro do mesmo partido e que supostamente defendem a democracia e respeito pela liberdade de expressão, tomam atitudes pouco éticas e imorais, contribuindo para o aprofundar da fractura nas instituições que deviam governar.
Não há mandamentos para este tipo de pessoas. Fazem o que querem, quando querem, desde que se possam safar ou ter cobertura interna - leia-se votos - dentro de um partido. A impunidade reina. Claro, têm que reinar até que o céu caia em cima das nossas cabeças e tenhamos que passar por um processo de contemplação e recuperação.
E o que mais me chateia é que este tipo de pessoas continuam a valer os tais votos e a manter, como tal, influência e capacidade de decisão partidária. Nunca há um reset completo da máquina partidária. Caras novas não abundam ou se aparecem, são claramente assimiladas pelos grupos dominantes. Poder ter obra feita, mesmo que tenha tido um arranque inglório dentro do partido como Rui Rio o teve, e se quiser ir mais longe, ter que aturar alfinetadas de pessoas que dizem que "tu vê lá, se fores capaz de aguentares o barco mais um mandato, vais ter o partido aos teus pés. Mas para lá chegares, têns que ter muito cuidadinho com quem vais almoçar" é-me intolerável.
Não há almoços grátis na política. Nunca os houve e pensar que um dia a boa-vontade e a justiça reinará na governação dos nossos filhos e netos é pura utopia.
6 comentários:
De há muito que as questões politicas e filosóficas deixaram de ser discutidas nos partidos. Hoje, discute-se quando muito questões partidárias.
De há muito também que "os homens bons" das vilas e cidades deixaram de frequentar as sedes partidárias. Uns foram ostralizados por oportunistas sem escrúpulos, outros muito simplesmente não estão para perder tempo com querelas idiotas e sem sentido.
Nos partidos, e os seus mais altos dirigentes são os únicos responsáveis, não se fomenta a discussão aberta, mas apenas querelas partidárias. O homem que detem as chaves da sede acaba por ser o homem mais conceituado do partido, como resultado da sua presença assídua. As sedes e as organizações partidárias de há muito que deixaram de ser polos de sã formação politica, para se constituirem em alavancas e trampolins de conquista de lugares sem mérito no aparelho de estado.
Os partidos estão hoje tomados por uma camada de individuos ignorantes, atrevidos e incompetentes, salvo as poucas excepções, claro.E com isso a democracia está transformada numa partidocracia cada vez mais estúpida e "totalitária".
Em Oeiras, posso dizer que sim. A lei do bom-senso não impera por estas terras. No resto do País, não posso dizer o mesmo porque desconheço.
Recomenda algum sistema melhor que este, Ruy? As falhas estão identificadas, agora e as soluções?
Eu creio que existem situações para as quais só a ruptura será alternativa. Na realidade a história ensina-nos que nos primeiros anos após a ruptura as coisas funcionam relativamente bem de acordo com ideiais transparentes e motivadores dessa ruptura.
Depois, com o passar dos anos, virá novamente a cristalização das estruturas o que fomentará a eclosão de um novo ciclo.
Combater a cristalização a que os partidos, no seu próprio interior, chegaram não será negativo mas será seguramente inglório para qualquer um de boa fé.
Isso faz-me sentido, especialmente pelas experiências que passei na universidade. A ruptura era benéfica já que todo um sistema de poder ia-se abaixo. Num partido político isso não acontece.
Quais são as melhores maneiras de combater essas cristalizações ou lobbys de poder? Apoiar novas alternativas e "wildcards"? Clarificar os processos de nomeação "política"? Apostar nos mais jovens?
Duvido que se possam introduzir nos partidos novas alternativas, cristalizados como se encontram. As juventudes partidárias padecem dos mesmos defeitos dos mais velhos, e são "educadas" nos vícios e nas lutas pelo poder mais mesquinhas e repelentes.
Num país como o nosso, sem o culto da cidadania, todos estes defeitos se agravam.
Qualquer alteração de processos redundará igualmente em fracasso, porque o que está em causa são as pessoas e as suas ambições, e não os processos em si mesmos.
Caro DC
Excelente artigo. Um verdadeiro retrato dos partidos... e da sociedade!
* :)
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