Fruto de mais um acidente na estrada, no concelho de Odemira, veio mais uma vez a público as deficiências estruturais dos nossos serviços de emergência médica. Apresento de seguida as medidas propostas pelas associações técnicas desta especialidade, tornadas públicas, à margem do poder político vigente, num comunidado conjunto.
10 medidas para optimizar a capacidade de Emergência Médica em Portugal
1) Criação de uma Lei que consagre o direito do Cidadão a acesso a Suporte Avançado de Vida em tempo útil (10-15 minutos).
2) Criação da Especialidade de Medicina de Emergência, tanto na Carreira Médica como na Enfermagem.
3) Integração da Emergência Médica nos Curricula da Formação Médica como valência própria facilitando assim o recrutamento de Médicos.
4) Criação de um grupo de trabalho para definição de uma carreira técnico-profissional de Técnico / Bombeiro Especialista em Socorro Pré-Hospitalar, integrando I.N.E.M., S.N.B.P.C., Liga dos Bombeiros, Ordem dos Médicos e de Enfermagem, Associação Portuguesa de Medicina de Emergência (APME), Associação dos Enfermeiros de Emergência Pré-Hospitalar (APEEPH) e Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH).
5) Instituição de cursos de Emergência Médica multidisciplinares em estabelecimentos de ensino credenciados para optimizar a interligação entre os vários intervenientes.
6) Definição legal da V.M.E.R. e da composição da equipa e resolução das inoperacionalidades existentes, como proposto em documento da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência (APME) entregue ao Ministério da Saúde.
7) Complementação das Ambulâncias I.N.E.M. com um terceiro elemento, (cumprindo a Lei) que poderá ser recrutado no âmbito dos cursos de TAS (formando / voluntário) sem custos adicionais.
8) Fiscalização determinada e punição severa das ilegalidades supracitadas.
9) Reestruturação do Socorro Aeromédico e colocação de Equipa Médica INEM nos Helicópteros do S.N.B.P.C. / Loulé e Santa Comba Dão 24/24 h.
10) Consagração legal, tal como proposto pela ordem dos Médicos, da Desfibrilação Automática por pessoal não-médico.
Depois de ter ouvido o programa FórumTSF de esta manhã com a participação de deputados de todas as forças políticas (Zita Seabra, etc), ficou patente que Portugal é ainda um país em vias de desenvolvimento. Não temos riqueza - meios e pessoas - para manter um sistema de emergência médica com qualidade.
Faltam médicos, viaturas, tripulações de ambulância, sistema de comunicações de emergência, isto é, toda uma infra-estrutura que assegure o pronto-socorro rápido em todo o país. É certo que esse problema não se coloca em Lisboa ou Porto, ou em capitais de distrito. Devido à racionalização dos meios, perdeu-se a eficácia no pronto-socorro em regiões mais isoladas do país, acabando esta medida política por custar vidas.
Em breve apresentarei o exemplo da REGA de como funciona o sistema de socorro nacional na Suiça.
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